segunda-feira, 8 de abril de 2013

De Grahan ao PCBA

Além do trabalho pastoral, logo nos primeiros anos em Cuiabá Landes se fez conhecido pela série de artigos que fez publicar no jornal O Matto Grosso, denominada “resposta a um artigo de ‘A Cruz’ ”, continuada depois quando inaugurou "A Penna Evangélica” Do primeiro periódico estão disponíveis acervo digital pela Biblioteca Nacional (http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx). Do segundo ainda não há informações sobre digitalização. As primeiras edições ou se perderam ou não há informações claras de onde estariam preservadas. Alguns números de 1926 estão no acervo da Casa Barão de Melgaço, em Cuiabá; e foram consultadas sob supervisão da curadora draª Elizabeth Siqueira.
   A janela para as publicações de Landes não ficariam abertas por muito mais tempo. Então entre surge o primeiro jornal protestante de Cuiabá: o periódico presbiteriano Penna Evangélica. Em 1922 a família Landes foi aos Estados Unidos em furlough, termo inglês que designa férias missionárias para descanso, visitas a várias igrejas no país de origem e quase sempre levantamento de fundos para a obra missionária. Na Filadélfia ele recebeu em doação da Igreja Presbiteriana de Tioga uma tipografia. O primeiro número da Penna Evangélica circulou em 16 de maio de 1925.
    Edições incompletas a partir de 1928 estão no acervo de microfilmes do Arquivo Público do Estado de Mato Grosso. Em artigo analisando especificamente o debate entre protestantes e católicos em Cuiabá nesse período, Gonçalves (2010, p. 172), comenta que no Arquivo Histórico da Igreja Presbiteriana do Brasil, em São Paulo, há uma coleção impressa do Penna Evangélica, mas não informa se tal coleção é completa. Nesses artigos a maioria está publicada apenas com o título da série.
    Estava mais uma vez confirmada uma estratégia de sucesso entre os grupos protestantes: o uso da imprensa escrita. Deve ser destacado que a polêmica propriamente dita, envolvendo embates anticlericais não chegou a durar mais que um semestre, nas palavras do próprio Landes, quando “os clericais desistiram do combate, julgando que não havia mais vantagem em continuá-lo” (Landes, 1959). Outro destaque é que a imprensa escrita fez de Landes uma figura conhecida em todo o estado, ampliando ainda mais o alcance e eficácia de sua ação missionária. Santos (2010, p 119), ao comentar o fenecimento do debate, sugere que a presença protestante em terras cuiabanas já era estável como elemento ativo no cenário religioso e social.
  A Penna Evangélica circulou de 1925 até 1944, aproximadamente. Seu primeiro redator foi José Nonato de Faria, um dos primeiros diáconos da Primeira Igreja Presbiteriana de Cuiabá. Uma edição completa em cópia Xerox existe no Museu Presbiteriano em São Paulo. Em Mato Grosso o Nedhir (Núcleo de Documentação Histórica e regional da UFMT) guarda algumas edições a partir de 1928. Infelizmente a primeira está fora de alcance e a segunda em microfilme, tomando tempo razoável para a pesquisa numa era de acervos digitais cada vez mais comuns. O periódico deixou de circular por ação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda, do governo militar), segundo informa um aprendiz da tipografia que editava o jornal e depois pastor presbiteriano, o Rev. Joás Dias de Araújo (http://aliancadebatistasdobrasil.blogspot.com.br/p/memorias-da-decada-de-60-rev-joao-dias.html).
   Em 1919 surgem  no periódico O Matto Grosso  anúncios sobre essa escola, com o nome “Escola Americana de Cuiabá”, e que adotava o programa de ensino da “Escola Americana de São Paulo”. Além desses dizeres, o primeiro anúncio informava como diretores o Rev. Phillipe Landes e sua irmã Maud Landes; com aulas a se iniciarem em 31/03/1919. Os interessados deveriam procurá-los na Rua 13 de junho, nº 69. O anúncio carece de mais informações, como custos, professores ou qualquer qualificação do que fosse o programa de ensino da Escola Americana de São Paulo. Já na edição de 1919, nº 11543, as aulas deveriam se iniciar em 03 de fevereiro; e o endereço para contato com a diretora Maud Landes é Rua Formosa, 26. Digno de nota é que Landes, ao pedir autorização da SBM pra aceitar o cargo no Liceu Cuiabano, informou que destinaria o salário para a fundação de uma escola primária em Cuiabá, similar à que foi implantada na Estação Missionária da Ponte Nova, item que foi aprovado pela SBM, na sua reunião a 04/12/1916.
   Embora não tenhamos maiores informações sobre a escola, sabemos que entrou em operação e tinha situação legal junto ao estado; não era apenas educação confessional. Na sua mensagem à casa de leis de Mato Grosso em 1919, D Aquino Correa informa algumas estatísticas escolares e considera o problema do ensino primário “resolvido” na capital. Nelas aparecem uma “escola americana”, de educação primária, e se pode perceber que havia meninos e meninas matriculados, sendo seis meninos e 19 meninas. (CRL, 1916, p 33).
  Assim, em uma década (1915-19125), a SBM já havia organizado um jornal, uma escola primária na capital, uma igreja, um escola secundária (O Buriti, já abordado aqui no blog) e estabeleceram campos missionários nas principais cidadades do entorno. Deve ser lembrado que Mato Grosso do Sul ainda não existia como unidade federada, tornando o campo missionário mais vasto ainda. A partir de Cuiabá, as missões presbiterianas se espalharam, organizando um presbitério em 1957 (Presbitério de Cuiabá - PCBA), um marco da paulatina gestão pelos nacionais. Num espaço modesto como este, é impossível reunir todos os eventos, pessoas e instituições que articularam a obra presbiteriana em Mato Grosso até ao ponto que se encontra hoje. Assim nos limitamos da chegada de Franklin Grahan até a organização do PCBA. Em outro post, traremos algumas informações desde a organização do PCBA até 1970.

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