terça-feira, 30 de julho de 2013

Trajetória Presbiteriana em Mato Grosso - Até 1969

Da redação do blog

  A partir de 1958, com a organização do Presbitério de Cuiabá (PCBA), a obra presbiteriana continuou a se multiplicar em Mato Grosso. A trajetória desde a organização até 1970, conforme as atas do PCBA, pode ser demarcada pela organização do PCBA até o primeiro desmembramento em outro concílio, quando foi criado, em 1969, o Presbitério de Campo Grande.   Um pouco depois de 1960 ocorreu a organização da segunda igreja (Areão), que apesar de ser a segunda igreja organizada, o PCBA não adotou essa nomenclatura de primeira, segunda ou quinta igreja e até hoje não é utilizada na região. Em dezembro de 1963 a Igreja Presbiteriana de Cuiabá prepara a congregação para tornar-se Igreja. Organizada em 23 de dezembro de 1964, a 2ª Igreja Presbiteriana de Cuiabá com o nome de IGREJA PRESBITERIANA DO AREÃO, tendo como pastor relator Reverendo Aristoteles Ferreira da Fonseca.
  Na edição histórica de nº 1189 o boletim da Igreja Presbiteriana Central de Cuiabá informa outras igrejas organizadas sob o pastorado do Rev. Aristóteles: Areão, posteriormente Cerejeiras, Morada da Serra e Várzea Grande.  Na década de 1960, quase dez anos após a criação do Presbitério de Cuiabá, foi criado o Presbitério de Campo Grande - PCGE, em 10 de janeiro de 1969. O Presbitério de Cuiabá ficou então com as igrejas "de Cuiabá (Central), do Bairro do Areão (2ª Igreja), de Poxoréu, de Mutum, de Rondonópolis, de Rosário do Oeste e as congregações presbiteriais de Buriti (Escola), de Brilhante e de Jaciara." As igrejas mais próximas entre si eram a Central e a do Areão, mostrando que ainda havia um promissor campo na capital,  além das igrejas em outros municípios.

Outros Marcos Históricos  

  A Penna Evangélica circulou de 1925 até 1945, aproximadamente. Seu primeiro redator foi José Nonato de Faria, um dos primeiros líderes da Primeira Igreja Presbiteriana de Cuiabá, mas havia outros colaboradores. Uma edição completa em cópia Xerox existe no Museu Presbiteriano em São Paulo. Em Mato Grosso o Nedhir (Núcleo de Documentação Histórica e regional da UFMT) guarda algumas edições a partir de 1928, idem o Arquivo Público do Estado de Mato Grosso. Este jornal foi censurado pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), nas palavras do Rev. Augusto José de Araújo, por intriga dos clericalistas. A censura impedia o jornal de publicar anúncios, encarecendo os custos, mas ainda assim o jornal conservava tiragem regular.  
  Em fins de 1960, o Colégio Buriti estava se recuperando de uma crise (esteve fechado de 1948-1952). No intuito de resgatar a escola, foi fundada a Sociedade Amigos do Buriti, da qual participou ativamente o Rev. Philippe Landes. Dos recursos levantados pela Sociedade a escola voltou às atividades em 1952; a capela foi erigida com os mesmos recursos em 1958; sendo reformada posteriormente com recursos oriundos em parte da Secretaria Estadual de Cultura de Mato Grosso, cuja obra foi concluída em 2010. No intuito de resgatar a escola, foi fundada a Sociedade Amigos do Buriti, da qual pouco se sabe além do informado no artigo de Scheffder, que foi professor da escola Buriti.  
  Dos recursos levantados pela Sociedade a escola voltou às atividades em 1952; a capela foi erigida com os mesmos recursos em 1958; sendo reformada posteriormente com recursos oriundos em parte da Secretaria Estadual de Cultura. A capela é tombada como patrimônio histórico e sua arquitetura com torre (com a cruz céltica ou escocesa no topo) e campanário é impar na região, sendo símbolo do Colégio Buriti. Esta associação ainda existia até a década passada, com o nome de AABUR.

sábado, 27 de julho de 2013

Trajetória Presbiteriana em Mato Grosso VI

XIII - O Trabalho Presbiteriano em Corumbá

  Em 1950 já existia um grupo de crentes presbiterianos em Corumbá que tinham vindo de Cuiabá. Conforme carta de um desses presbiterianos, o Sr. Artur F. Janes, de 10 de abril de 1950, existiam em Corumbá 40 pessoas entre adultos e crianças, que eram presbiterianos e que se reuniam em oração pedindo a Deus que, se fosse da sua vontade, se abrisse um trabalho presbiteriano em Corumbá. Os Rev. Floyd Grady e Eudes Ferrer, o primeiro sendo missionário da Missão do Brasil Central e o segundo pastor da Igreja de Cuiabá, visitaram a cidade de Corumbá, em 19 de abril de 1950, e nesse dia realizaram uma reunião com ós crentes presbiterianos e deram os passos necessários para a organização de um trabalho presbiteriano.
  A Missão do Brasil Central aprovou a organização de uma Congregação Presbiteriana em Corumbá e mandou os missionários Ashmun Salley e Floyd Grady para efetuá-la.   A organização foi efetuada a 23 de julho de 1950, em 9 presbiterianos e dois metodistas que voluntariamente aderiram à congregação e foram recebidos por jurisdição. O Rev. Ashmun Salley, na qualidade de secretário executivo da Missão do Brasil Central, indicou o Rev.Floyd Grady como pastor e presidente da nova congregação. Foram eleitos os seguintes oficiais; vice-presidente, o Sr. José Euclides da Silva, secretária a Dona Ione P. da Silva Yanêz e tesoureiro o Sr. Arturo F. Yañez e assim ficou oficialmente iniciado o trabalho a 23 de julho de 1950. Durante os anos de 1950 e 1957 ministraram à Congregação de Corumbá os seguintes pastores; Rev.Floyd Grady, Laurence P. Byers, Eudes Ferrer, Alfredo Marien e Adão Martin. O progresso do trabalho foi lento durante esses anos e sentia-se a necessidade de um pastor residente.
  A cidade progredia materialmente de maneira extraordinária, tomando-se uma das três grandes cidades de Mato Grosso. Manifestava-se claramente a necessidade premente de se colocar um obreiro residente em Corumbá, a congregação, com auxílio da Missão, fez um esforço heróico e construiu uma capela para a realização dos cultos. Em ata pastoral de 2 de dezembro de 1956, o Rev.Eudes Ferrer escreveu:   "Voltei a Corumbá em 26 do corrente para a inauguração da capela que foi construída em quatro meses. Tivemos como conferencista o Rev.Domingos Hidalgo, pastor da Igreja de Campo Grande. A inauguração se deu no dia 28 de dezembro, às 19:30 horas". O Rev.Paulo Pierson e sua esposa Dona Rosa Maria, jovens missionários da Missão do Brasil Central, foram indicados pela Missão para fixar residência em Corumbá e dirigir o trabalho ali. O Rev.Paulo chegou em Corumbá, a 14 de maio de 1957 e, no dia 21 desse mês, o Rev.Eudes Ferrer entregou-lhe o pastorado. Sob a competente direção do Rev.Paulo, o trabalho está progredindo rapidamente.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Trajetória Presbiteriana em Mato Grosso V

IX - O Trabalho Presbiteriano em Rondonópolis
  A obra presbiteriana em Rondonópolis é bem recente. Antes de 1955, essa cidade havia sido visitada pelo Rev.Donaldo Reasoner e, em junho desse ano, foi visitada pelos Revs. Ricardo Waddell, secretário executivo da Missão Brasil Central e José Borges dos Santos Jr., presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil. Esses líderes recomendaram à zona reunida no Buriti que a Missão localizasse um obreiro em Rondonópolis. Atendendo a essa recomendação, a Missão transferiu o Rev.Alfredo Marien de Aquidauana para Rondonópolis. O Rev.Alfredo Marien foi instalado como Pastor da congregação de Rondonópolis no domingo dia 4 de março de 1956, pelos missionários Rev.Adão Martin e Donaldo Reasoner. Nessa mesma data foram arrolados 11 membros procedentes de vários campos. Com o auxílio da Missão, foi adquirido um terreno para a construção de um pavilhão.  

X - Trabalho Presbiteriano de Campo Grande
  Em 1930 mudaram-se para Campo Grande alguns membros da Igreja Presbiteriana de Cuiabá. Com o decorrer do tempo, foram chegando em Campo Grande outros elementos presbiterianos unidos de Cuiabá e de outras partes do Brasil. Havia em Campo Grande uma próspera Igreja Batista com a qual os presbiterianos cooperam por algum tempo, mas não foram admitidos à comunhão e, não se submetendo a um novo batismo por imersão, foram afastados do trabalho batista. Não tendo encontrado assistência espiritual e nem oportunidade para trabalhar na Igreja Batista, pediram o auxílio de missionários aspersionistas que, de vez em quando, passavam em Campo Grande. Em 1934 já haviam fixado residência em campo Grande 21 presbiterianos e mais alguns outros poucos crentes de igrejas aspersionistas. De acordo com uma determinação da South Brasil Mission, representada pela sua Comissão Executiva, o Rev. Filipe Landes, visitou a cidade de Campo Grande, em julho de 1934, com o fim de estudar a possibilidade de abrir um trabalho presbiteriano nesse centro.  
  A primeira reunião da congregação de Campo Grande foi convocada pelo Rev. Landes para o dia 29 de julho de 1934, em casa do irmão presbítero José Henrique Verlaugieri, na Rua Maracajú. Nessa primeira reunião, estavam presentes 17 crentes presbiterianos, 2• presbiterianos independentes e 1 congregacional, além de outros interessados de origem presbiteriana. Houve um total de 37 pessoas presentes nessa primeira reunião. O Rev. Landes realizou um culto, recebeu por pública profissão de fé a irmã Afta Ribeiro Alvina e celebrou a Santa Ceia. Ficou resolvido que se fundasse uma Escola Dominical Presbiteriana em Campo Grande, o que se fez começando a funcionar no domingo seguinte sob a competente direção do irmão José Verlaugieri. Fundada a Escola Dominical, o trabalho progrediu rapidamente. O Rev. Landes passou os meses de setembro, outubro e novembro de 1934 trabalhando em Campo Grande. Alugou-se uma sala espaçosa, no centro da cidade, para a realização dos cultos, e a congregação continuou a crescer. Em vista do bom êxito do trabalho, a Missão resolveu mandar o Rev. Landes a Campo Grande, para ali fixar residência, a fim de desenvolver o trabalho e organizar a congregação em Igreja.  
  No começo de 1935, o Rev. Landes mudou-se para Campo Grande com a família. A Igreja Presbiteriana de Campo Grande foi organizada no dia 24 de abril de 1935, com 58 membros professos;: 37 das quais estavam presentes na reunião organizadora. Nessa reunião, foram eleitos presbíteros, os Srs. José Henrique Verlaugieri e Alípio de Castilho e diáconos, os Srs. Aníbal Verlaugieri; Francisco Fernandes e Álvaro Neves. Os presbíteros sendo já ordenados em outras Igrejas, foram logo empossados. Mais tarde, foram ordenados dois diáconos, os Srs. Ambal Verlaugieri e Francisco Fernandes. No dia 1 de Maio de 1935, a Assembléia Geral aprovou os estatutos da Igreja e, no dia 8 do mesmo mês, aprovou o regimento interno e elegeu a mesa administrativa, para poder adquirir os foros de pessoa jurídica. Os estatutos foram publicados na Gazeta Oficial de Cuiabá de 17 de junho de 1935 e foram registrados no Tabelionato de Registro de Títulos e Documentos da cidade de Campo Grande.
  Com essas medidas, a corporação encetou a sua vida de Igreja organizada e pessoa jurídica. Ainda em 1935, a Igreja fundou uma escola dominical no bairro militar do Amambaí, um lote e nele construiu um pequeno templo, no qual se passou a realizar cultos e trabalhos da escola dominical.   Com a ida do Rev. Landes Landes para o Seminário de Campinas, a Missão mandou o Rev. Adão Martin a Campo Grande. Este assumiu o pastorado da Igreja a 24 de maio de 1940. Um dos acontecimentos mais notáveis do pastorado do Rev.Martin, foi à recepção coletiva dos membros da Congregação Presbiteriana Independente de Aquidauana pela Igreja de Campo Grande. O trabalho do Rev.Martin deu mais um à consolidação do trabalho da Igreja, preparando-a para sustento próprio. E, no entanto, devido ao estado precário de sua saúde, o Rev.Martin se viu obrigado a deixar o pastorado, no dia 9 de abril de 1944, para ir aos Estados Unidos, com a esposa Dona Cordélia, para tratar da vista bastante enfraquecida.
  O Rev. Waldyr Luz serviu interinamente no pastorado da Igreja de Campo Grande, com muita dedicação desde dezembro de 1944 até 16 de julho de 1945. Em seguida, foi eleito pastor da Igreja de Campo Grande, em 24 de maio de 1945, o Rev. Augusto Araújo, e foi instalado no dia 20 de fevereiro de 1946 pelo Rev.Josué Salles. O Rev. Augusto trabalhou com muita eficiência em Campo Grande até 7 de janeiro de 1948, quando pediu demissão e foi transferido para Caitité, no estado da Bahia. Por indicação da Missão do Brasil Central, o Dr. Ashmun Salley assumiu o pastorado da igreja de Campo Grande, em 3 de abril de 1948, data em que chegou a Campo Grande com a sua senhora Dona Sarah.  
  O Dr. Salley conseguiu resolver certos problemas internos que, nessa época, perturbaram a igreja. Em 24 de setembro de 1949, o Rev. Alfredo Marien, que havia sido transferido de Formosa, Goiás, para Campo, passou a ser pastor auxiliar do Dr. Salley. Devido ao estado de saúde do Dr, Salley e da sua esposa Dona Sarah, e por conselhos médicos, a Missão resolveu que o casal Salley devia antecipar a sua aposentadoria e voltar aos Estados Unidos. Nessas circunstâncias, o Dr. Salley, em 17 de setembro de 1950, passou o pastorado da igreja ao Rev. Laurence Byers, novo missionário da Missão do Brasil Central. Este missionário permaneceu no pastorado até o dia 20 de fevereiro de 1952 quando regressou aos Estados Unidos, deixando o pastorado nas mãos do Rev.Alfredo Marien. Ainda em 1952, a Missão resolveu mandar o Rev.Adão Martin novamente a Campo Grande, para mais ma vez assumir o pastorado da igreja. Depois de despedir-se do seu campo em Santa Catarina, o casal Martin veio para Campo Grande.  
  Em 1953, o Rev.Alfredo Marien foi transferido para Aquidauana para ali servir no pastorado da Igreja Presbiteriana daquela cidade. No dia 5 de abril de 1953, deu-se o lançamento de pedra fundamental do templo da Igreja Presbiteriana de Campo Grande A igreja estava em franca prosperidade, com 113 membros e tinha um ótimo corpo de oficiais. Construíram um magnífico templo que foi dedicado a Deus com cerimônias apropriadas realizadas nos dias 19 a 26 de setembro de 1954. O Rev.Amantino Vassão, secretário permanente do Supremo Concílio, foi o conferencista nessa ocasião. Aproximando-se o tempo da aposentadoria do casal Martin, o Rev. Domingos Hidalgo foi chamado para o pastorado da igreja de Campo Grande. Tendo o Rev. Domingos aceito o convite da igreja, resolveu-se dar posse ao novo pastor pelo período de dois anos, no culto do dia 5 de fevereiro de 1956.   O Rev. Adão Martin deu posse ao novo pastor, oficiando na qualidade de representante da Missão Brasil Central. O Rev.Adão Martin e a esposa partiram para os Estados Unidos, em 5 de outubro de 1956. No campo do Garimpo do Rio Aquidauana, há uma Congregação de uns cinqüenta presbiterianos que vieram da região de Palmeiras na Bahia. Essa congregação é subordinada igreja de Campo Grande. A igreja de Campo Grande está em um franco progresso, sob o pastorado do Rev. Domingos Hidalgo.
  Em retrospecto, pode-se afirmar que a igreja de Campo Grande passou por três fases distintas; a primeira, de 1934 a 1938, de franco progresso; a segunda, de progresso lento, de problemas e dificuldades, até agosto de 1952 e a terceira, de nova prosperidade e crescimento sadio. 

XI - O Trabalho Presbiteriano em Aquidauana 
  O trabalho presbiteriano em Aquidauana foi começado pelo esforçado crente paulista, membro da Igreja Presbiteriana Independente, o senhor Luiz Dias Negrão. Formou em Aquidauana e na sua fazenda próxima da cidade, congregações de crentes presbiterianos. Essas congregações recebiam visitas pastorais, de vez em quando, de pastores que vinham do estado de São Paulo, com sacrificio e dificuldade. Um dos acontecimentos mais notáveis da história do presbiterianismo em Mato Grosso deu-se quando o Rev.Adão Martin recebeu o Rev. Lauro de Queiroz, pastor da Congregação Presbiteriana Independente de Aquidauana, uma carta de transferência coletiva dos membros dessa congregação para a Igreja Presbiteriana de Campo Grande.  
  De acordo com o seu pastor, o Rev.Lauro de Queiroz, chegaram a conclusão de que, para melhor servir os interesses da causa de Cristo, no sul do estado, haveria conveniência em se aliarem com os irmãos presbiterianos de Campo Grande. Entraram em entendimento com o Rev.Adão Martin sobre o assunto e desse entendimento resultou a importante Carta Coletiva que aqui transcrevemos, na íntegra:  
 "À Igreja Cristã Presbiteriana de Campo Grande - Carta Demissória Coletiva - O abaixo assinado, Presidente do Presbitério do Noroeste da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, com as funções de pastor da Congregação Independente de Aquidauana, atendendo à solicitação que lhe . foi feita pelos membros professos da mesma Congregação e, atendendo à solicitação que lhe foi feita pelos membros, digo, Congregação e, considerando que sua denominação não pode, presentemente; e nem dentro de futuro próximo, colocar um obreiro nesta cidade de Aquidauana, e considerando mais que a Missão Presbiteriana pode com muita vantagem pastoreá-Ios e dar-lhes assistência espiritual, concede esta Carta Demissória Coletiva aos membros que fazem parte da lista inclusa e que se acham em plena comunhão, recomendando-os como excelentes irmãos em Cristo e dignos de toda estima e amor fraternal   - Aquidauana, 20 de outubro de 1940 (assinado) Lauro de Queiroz - Caixa 123, Catanduva, São Paulo".   
  O conselho da igreja de Campo Grande, a 24 de outubro de 1940, recebeu, com muito prazer, e arrolou como membros da igreja de Campo Grande, os 16 crentes professos constantes da lista anexa à "Carta Demissória Coletiva". Em 18 de maio de 1949, a Congregação de Aquidauana tornou se pessoa jurídica tendo sido transferidos para o rol dessa organização os nomes dos membros que até então estavam arrolados como membros da Igreja Presbiteriana de Aquidauana, digo, de Campo Grande. Constituída em pessoa jurídica, a Congregação de Aquidauana logo construiu um belo e espaçoso templo na sua cidade, sob a dinâmica orientação do Sr. Luiz Dias Negrão.
  A Congregação Aquidauana continuou a receber "assistência espiritual dos pastores da Igreja de Campo Grande até que, em 1953, o REV. Alfredo Marien foi designado como pastor efetivo da Congregação. Com a retirada do Alfredo Marien para Rondonópolis, no começo de 1956, o Eudes Ferrer foi indicado para pastorear as Congregações de Aquidauana e Guia Lopes da Laguna.   A viúva Dona Joana de Souza Santos foi a pioneira presbiteriana a fixar residência em Guia Lopes, em 10 de setembro de 1940, quando se deu começo a uma escola dominical. Em maio de 1941, o Adão Martin visitou Guia Lopes, encontrando ali 6 crentes.
  Em 1943, vieram para Guia Lopes mais os seguintes crentes, Maria Carolina de Melo, Noé de Melo e Nair Borges de Melo. O Sr. Sebastião Pereira, evangelista da Missão, visitava a Congregação de Guia Lopes. Em 1941, havia em Guia Lopes apenas 3 crentes professos, as Donas Joaninha, Salomé e Deisia Continuaram a vir outros elementos crentes de fora e houve profissões de fé em 1945; o número de crentes professos tendo atingido o número 8. A construção de um pequeno templo foi começada em 1945 e terminada em 1946.  
  Esse templo foi inaugurado a 19 de maio de 1946 e houve mais algumas profissões de fé. A congregação tem sido visitada pelos pastores de Campo Grande, Rev. Augusto de Araújo e Ashmun Salley e ultimamente as visitas tem sido feitas pelo Eudes Ferrer, o atual pastor da Igreja de Aquidauana. As propriedades da Congregação de Guia Lopes estão em nome da Igreja Presbiteriana de Campo Grande. Recentemente, um bom pavilhão para a escola dominical foi construído sob a administração do pastor, Rev.Eudes Ferrer.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Trajetória Presbiteriana em Mato Grosso IV

VII O Trabalho em Rosário Oeste

  Rev.Landes iniciou o trabalho no Rosário do Oeste  com reuniões de evangelização. Quase todos os habitantes adultos assistiam às conferências e parecia que a população toda estava prestes a aceitar o evangelho, inclusive o chefe político que fazia propaganda ativa do protestantismo. Houve notáveis conversões, mas quando os interessados chegaram a compreender que precisariam de abandonar os vícios, a maior parte deles desistiu de seguir a Cristo. As primeiras profissões de fé foram recebidas pelo Rev.Landes a 23 de Novembro de 1924. Essa primeira turma foi de 17 pessoas e uma segunda turma de mais de 15 pessoas foi recebida a 22 de março de 1925. Depois dessas profissões, o progresso numérico foi mais lento, mas os crentes cresciam espiritualmente, pelo estudo da Bíblia, pela oração pelo trabalho pessoal. A 31 de agosto de 1929, a congregação de Rosário Oeste foi organizada como pessoa jurídica para poder possuir propriedades em seu próprio nome.  
  No mesmo ano, comprou uma boa casa, com bom quintal e bom preço. Essa casa passou a servir como residência pastoral e para os cultos. Serviram provisoriamente no pastorado do campo de Rosário Oeste os Rev.Carlos Harper (1927), Reinaldo Good (1931) e Augusto Araújo ('33 e '34). Esses pastores residiram por algum tempo no Rosário. O Sr. Alfredo Marien também serviu nesse campo como evangelista desde abril de 1935 até janeiro de 1937. Em 1937, a congregação de Rosário Oeste elegeu três presbíteros e dois diáconos que foram ordenados pelo Rev.Augusto a 20 de abril de 1938. Assim foi nessa data que se efetuou a organização eclesiástica da Igreja Presbiteriana do Rosário Oeste.
  Não seria completa a história do trabalho no Rosário Oeste, sem uma menção honrosa dos serviços prestados pelo presbítero João Cruz, quando a congregação ficava sem cuidados pastorais. Nessas ocasiões foi ele o sustentáculo do trabalho, pregando, ensinando e dirigindo a escola dominical. O trabalho da Igreja do Rosário Oeste, das congregações do Vale do Pari, Alto Paraguai, Barra do Bugres, Arenápolis, Nortelândia e muitos outros pontos de pregação receberam um grande impulso com a chegada do Rev.Floyd Grady e família no Rosário, a 21 de agosto de 1948, para tomar conta de todo o trabalho. O Rev.Floyd faz freqüentemente aos mencionados pontos, no seu aviãozinho evangélico.
  No Alto Paraguai o Rev.Floyd mantém uma ótima escola evangélica dirigida por excelente professora crente que também é o sustentáculo de todo o trabalho naquela cidade. Na sede, que é Rosário, a Dona Loida, como mãe de família, exímia professora e eficiente auxiliar do marido, presta relevantes serviços causa do Mestre. E a Dona Raquel competentíssima enfermeira, realiza um maravilhoso trabalho de assistência aos doentes.

 VIII - O Trabalho Presbiteriano em Poxoréu 
   Cerca do ano 1936, fundou-se,no encosto do Morro de Mesa, em Mato Grosso, uma pequena povoação garimpeira que cresceu rapidamente. Essa povoação tomou o nome de Poxoreu e, logo após a sua fundação, foi visitada pelo Rev.Adão Martin que continuou a visitá-la periodicamente, fundando ali um pequeno trabalho presbiteriano. Como as missionárias neotestamentárias tinham fundado naquela região um trabalho entre os índios Bororos, um de seus missionários, o Rev.João Reese, fixou residência em Poxoreu. O Rev. Adão Martin promoveu uma cooperação com o Rev.Reese e em 1936', houve um entendimento entre eles, pelo qual Rev. Reese ficaria dirigindo o trabalho e o Rev. Martin continuaria a ter direito de dar assistência espiritual aos presbiterianos que constituíam a maioria dos membros. Em 1939,os crentes unidos em uma só congregação começaram a construção de um templo que se terminou anos depois.
  Após a retirada do Rev.Martin do campo de Guiratinga, o Rev. Eudes Ferrer, pastor da Igreja de Cuiabá, assumiu a responsabilidade pelos cuidados pastorais dos presbiterianos de Poxoreu, Ficou, então, patente que não era mais viável continuarem os crentes de Poxoreu a receber assistência pastoral de duas missões diferentes.   A questão de preferência dos crentes de Poxoreu por uma ou outra das missões que lhes ministravam assistência espiritual, tendo sido submetida aos votos da congregação que se compunha de 26 membros, 21 votaram a favor do presbiterianismo e 5 a favor do sistema neotestamentário. Em vista dessa votação, o Pastor Reese entregou o trabalho em Poxoreu à Missão do Brasil Central, ficando a congregação sob os cuidados do Rev. Eudes.
  Em 1953, o Rev. Donaldo Reasoner assumiu o pastorado da Igreja de Poxoreu e de todo o campo que passou a se estender até Jaciara e Brilhante. O trabalho progrediu maravilhosamente. Segundo dados fornecidos pela Agência Municipal de Estatística, e citados pelo Rev.Alfredo Marien, de 26 membros existentes no rol em 1950, no fim de 1957, o rol acusava um total de 427 membros, sendo 48 na cidade e os demais espalhados pelo campo todo, do qual já se desmembrou a Congregação de Rondonópolis. O grande acréscimo ao rol de Poxoreu se explica, em parte, pelo fato de membros da congregação de Brilhante terem sido transferidos do rol da Igreja de Cuiabá para aquele Poxoreu.

domingo, 21 de julho de 2013

Trajetória Presbiteriana em Mato Grosso III

IV - A Pena Evangélica

  Fazia-se sentir, em Cuiabá, a necessidade de um jornal evangélico, porque a imprensa local, devido as influências clericais, não queria mais publicar artigos de propaganda evangélica. De volta dos Estados Unidos, o Rev. Landes trouxe consigo uma máquina de imprensa que foi presente à nossa Igreja da Igreja Presbiteriana de Tioga de Philadelfia, nos Estados Unidos. Destarte, tomou-se possível à publicação de um jornal evangélico em Cuiabá. O primeiro número da "A Pena Evangélica" veio a lume no dia 16 de maio de 1925 e, desde o seu início, exerceu poderosa e benéfica influência na capital em todo o Estado. Propagava o Evangelho e condenava os males na sociedade. Tomou-se um jornal muito popular, admirado pelos bons e temido pelos malfeitores.  

V - A Escola Evangélica de Buriti

  Por intermédio do Dr. W.A.Wadell, fazia parte dos planos para o desenvolvimento da obra missionária em Mato Grosso a fundação de uma escola evangélica secundária cuja finalidade principal seria preparar crentes e filhos de crentes para as atividades cristãs da vida. Essa escola foi fundada na Chapada dos Guimarães a dez léguas da capital pela estrada de rodagem na Fazenda do Buriti que havia sido comprada para esse fim. Iniciaram-se as aulas da Escola Evangélica do Buriti no dia 7 de Julho de 1924. Os primeiros dirigentes da Escola foram o Rev.Adão Martin e a esposa Dona Nettie e o Sr. Homero Moser e a esposa Edite. Eles imprimiram na Escola o cunho de uma família cristã e a Escola tem realizado o seu ideal de preparar moços e moças para as atividades cristãs nas comunidades onde residem. Além disso, freqüentemente tem se realizado conversões e extraordinárias transformações de caráter na vida de diversos alunos. A escola está prestando relevantes serviçosà causa de Cristo em Mato Grosso e tem se tornado indispensável para a educação cristã da mocidade evangélica do oeste do Brasil. (Atualmente a escola está desativada. Nota do blog)  

VI - Pastorados de Ministros Nacionais em Cuiabá

  No começo de 1929, foi chamado a Igreja de Cuiabá o Rev. Rodolfo Anders, o primeiro pastor nacional dessa Igreja. Foi um pastor dedicado e dinâmico e realizou excelente trabalho no curto prazo de tempo que serviu a Igreja, mas, tendo adoecido a sua esposa, viu-se obrigado a voltar ao Rio, após apenas um ano de trabalho. Logo depois da retirada do Rev.Adolfo, foi chamado para o pastorado o Rev. Juvenal Batista. Ele e a esposa chegaram a Cuiabá em junho de 1931 e fizeram um bom trabalho, mas houve desentendimento entre os presbíteros que resultaram em uma dissidência. Essas dificuldades resultaram no pedido de demissão do Rev. Juvenal que voltou ao Rio em 1934.
  Devido dissidência que levara consigo dois presbíteros e um número considerável de outros membros da Igreja, o Rev. Landes foi enviado pela missão com plenos poderes para assumir o pastorado e se fosse possível, resolver a questão da dissidência. Felizmente, os males foram sanados com o "Laudo Arbitral" do interventor da Missão, "proferido no templo da Igreja Presbiteriana de Cuiabá, no dia 2 de Março de 1934, para dirimir as questões surgidas entre a sessão da Igreja e irmãos dissidentes". A decisão foi aceita por quase todos e os dissidentes voltaram ao seio da Igreja, começando assim uma nova época de paz. O Rev. Augusto Araújo foi chamado para o pastorado da Igreja em junho de 1934 e instalado a 1 de julho do mesmo ano. Ele foi pastor da Igreja desde julho de 1934 até fevereiro de 1946.
  O ministério do Rev. Augusto foi eminentemente profícuo; cuidou não somente do trabalho no centro, mas também dos campos fora de Cuiabá e além disso, foi redator da "Pena Evangélica" que tinha grande circulação em todo o estado. Quando deixou a Igreja de Cuiabá, em 1946, para se tomar pastor na Igreja de Campo Grande, já a Igreja de Cuiabá tinha mais de duzentos membros. Logo após a retirada do Rev. Augusto, o Rev. Eudes Ferrer foi chamado para o pastorado da Igreja de Cuiabá. Foi um obreiro muito esforçado e sacrificava-se em proveito daqueles que procuravam o seu auxílio. A sua esposa, Dona Nanita, foi excelente auxiliar do marido no trabalho da Igreja. A Igreja continuou a crescer e o novo campo do Brilhante foi desenvolvido pelo Rev.Eudes. Remodelou a casa velha, de propriedade da Igreja, na Rua Barão de Melgaço, que passou a ser a casa pastoral. Sob a sua admistração, e com o seu próprio trabalho, construiu o pavilhão nos fundos do templo, para melhor servir os interesses da mocidade e da escola dominical.
  Um tanto abalado na saúde o Rev.Eudes Ferrer deixou a Igreja de Cuiabá a 8 de fevereiro de 1956, para aceitar o trabalho do campo de Aquidauana e Guia Lopes da Laguna. A pedido da Missão do Brasil Central, o Rev. Jerônimo Rocha veio da Bahia para pastorear a Igreja de Cuiabá por um ano. Chegou em Cuiabá no começo de 1957 e prestou bons serviços à Igreja.Voltou à Bahia em fins de 1957, depois de tomar parte na organização do novo Presbitério de Cuiabá.

sábado, 20 de julho de 2013

Trajetória Presbiteriana em MT II

I I - Consolidação do Trabalho em Cuiabá
Em fins de 1914, o Rev. Franklin.voltou à Bahia. A 9 de Julho de 1915, a chegada do Rev. Landes e dona Margarida em Cuiabá, coincidia com o movimento anti-clerical na capital causado pela recusa, por parte do Bispo Dom Carlos D' Amour, de permissão para a entrada de bandeira brasileira na catedral, por ocasião das exéquias de Afonso Pena. Aproveitando essa circunstância favorável, o Rev. Landes pode pregar na principal praça da cidade a grandes auditórios e dessas pregações resultaram algumas conversões. Em 1916, o Rev.Landes foi convidado pelo Governo do Estado para lecionar inglês no Liceu Cuiabano. Esse professorado lhe proporcionou oportunidades para entrar em contato com alguns dos intelectuais da alta sociedade cuiabana. Foi no mesmo ano de 1916 que o jornal "A Cruz" atacou o protestantismo. O Rev. Landes respondeu a esse ataque pelas colunas do jornal "O Mato Grosso", pregando o Evangelho. Por meio dessa discussão o Rev. Landes ficou bem conhecido em todo o Estado e não precisava mais de cartas de apresentação. Em 1917, O Rev.Landes deu início a longas viagens de evangelização pelo interior do Estado, pregando o Evangelho, vendendo Bíblias e Novos Testamentos e tratando de crentes que sofriam de moléstia comuns como: ancilostomia e malária. Os pais do Rev.Landes vieram visitá-lo no ano de 1918 e o auxiliaram muito no trabalho da capital. O Rev. George Landes e D. Maggie Landes ainda são lembrados com muita gratidão na Igreja de Cuiabá.
 O Rev. Adão Martin e sua esposa Dona Nettie Martin foram convidados a Cuiabá pela "South Brasil Mission" em 1919 e logo se identificaram com o trabalho, prestando relevantes serviços à causa do Mestre no campo matogrossense. Ainda no ano 1917 a missão estabeleceu uma escola evangélica primária em Cuiabá. Foi professora dessa escola dona Mand Landes, irmã do Rev.Landes. Sob a direção competente de Dona Mand, a escola logo atraiu não somente os filhos de crentes, mas também alguns dos filhos de pessoas e destaque social. Foi fechada a escola em Cuiabá, quando se abriu aquela do Buriti.
 
III - A Expansão da Obra em Cuiabá 
O trabalho da capital cresceu até que, em 12 de Outubro de 1920, os Revs. Landes e Martins organizaram a Igreja Presbiteriana de Cuiabá com 26 membros. Foram eleitos presbíteros os senhores Armindo de Matos e João Alberto Dias, sendo este último filho do Sr. João Pedro Dias o patriarca da Igreja. Os dois presbíteros e dois diáconos foram ordenados em 24 de Outubro do mesmo ano 1920. Os crentes levantaram os fundos necessários para a construção do templo; deu o terreno para esse fim, bem no centro da cidade e contribuiu generosamente com o seu tempo e dinheiro para a realização da obra. Planejava, financiava e executava tudo que era necessário. A ele a Igreja deve imorredoura gratidão. A pedra fundamental foi lançada em 7 de Setembro de 1921, perante grande assistência e com cerimônias apropriadas, pregando o Rev.Landes sobre, "Jesus, a Pedra Fundamental da Igreja Cristã". Em 1922, a família Landes foi aos Estados " Unidos, em gozo de férias, e aos Martin ficaram na direção do trabalho. A Igreja crescia constantemente e já pensava em chamar um pastor da Igreja Nacional.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Trajetória Presbiteriana em Mato Grosso

Logo do Centenário do Presbiterianismo em MT, idealizado pelo PCBAResumo Histórico do Trabalho Presbiteriano em Mato Grosso. (Redigido pelo Rev Philippe Landes por ocasião da criação do Presbitério de Cuiabá). Imagens pelo Teoreferenciamento(2013). Para ver as imagens, clique nos links ou aponte para ver as fontes/bibliografia

 I - O Trabalho Pioneiro    

O grande pioneiro da obra missionária presbiteriana em Mato Grosso foi o Rev.Franklin Graham da "Central Brasil Mission", foi ele o escolhido da Missão, para fazer uma longa viagem de exploração através do Brasil, para verificar as possibilidades da abertura de trabalhos missionários nos estados de Goiás e Mato Grosso. Chegou a Cuiabá (Vista da cidade em 1910)  no dia 14 de Outubro de 1913. Havia em Cuiabá uns poucos evangélicos da "Evangelical Missionary Union". Por intermédio de um entendimento com essa Missão, o grupo de crentes em Cuiabá passou a pertencer à Congregação Presbiteriana organizada pelo Rev. Franklin. Antes de fixar a sua residência provisória em Cuiabá, o Rev.Franklin visitou pontos importantes fora da capital como Poconé, São Luiz de Cáceres, Barra do Bugres, Diamantino, Rosário Oeste, Vila da Chapada e a Fazenda do Buriti. Nessas localidades fez trabalho pessoal e de pregação, quando para isso teve oportunidades. No dia 1 de Novembro de 1914, o Rev.Franklin recebeu as primeiras oito profissões de fé e batizou quatro crianças. Além disso, recebeu mais três pessoas por jurisdição e celebrou a Santa Ceia. Desde o início de trabalhos evangélicos em Cuiabá, o Sr. João Pedro Dias, um crente do Ceará, que viera à Cuiabá com a família em 1899, vinha fazendo pregações em sua casa e cooperava com todos os missionários que visitavam a capital. Com a chegada do Rev. Franklin, ele deu o seu valioso e decidido apoio ao novo trabalho presbiteriano. 

 PS: Nos próximos posts publico a sequencia do Histórico; a numeração segue o que consta no original.

  Nota: No aniversário de 90 anos da Igreja Presbiteriana em Cuiabá o histórico do Rev Phillippe Landes foi digitado. O teor aqui reproduzido é uma cópia digitalizada via OCR do publicado pelo PCBA em 2003, conforme original impresso disponível no acervo da Biblioteca Phillipe Landes do Instituto Bíblico José de Araújo - IBAA. As imagens são acréscimos do blog, utilizadas na celebração do Centenário Presbiteriano em Mato Grosso e sempre que possível a fonte está indicada nelas.  Todos os direitos reservados aos respectivos autores. Caso uma imagem de sua autoria apareça indevidamete, gentileza avisar-nos para inserção dos créditos ou removê-la do blog. Agradecemos a compreensão.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Três Eventos



  Três eventos de impacto, é a proposta do programa alusivo ao centenário do presbiterianismo em Mato Grosso, que está sendo celebrado neste ano.
A programação inclui o trabalho evangelístico “Mente e Coração”, no dia 21 de setembro, das 17h00 às 22h30 na Praça do Choppão, em Cuiabá, envolvendo a distribuição de folhetos, música, teatro e pregação bíblica; café da manhã reunindo as lideranças presbiterianas do Estado, na Igreja Betânia, e Culto Solene de louvor e adoração na Igreja Presbiteriana de Cuiabá, respectivamente às 08h00 e 19h00 do dia 12 de outubro.
“Será muito honroso contar com a presença dos representantes dos Conselhos e membros das Igrejas Presbiterianas nos eventos agendados” diz o Rev. Adilson Macial de Araújo, relator da Comissão Especial do Centenário do Presbiterianismo em Mato Grosso.
Em comemoração a data a Comissão Especial está preparando ainda o lançamento de um DVD contendo um vídeo-documentário, com narrativas, ilustração com fotos históricas; uma logomarca e uma exposição de fotos históricas expostas em banners afixados no local da realização do café da manhã e do culto.

Começo
A presença da Igreja Presbiteriana do Brasil em Mato Grosso começa no dia 14 de outubro de 1913, com a chegada à cidade de Cuiabá do Rev. Franklin Graham, enviado pela Missão Brasil-Central com o objetivo de estabelecer uma base missionária para a evangelização da região.
“Decorrido um século e tendo esta data com o marco da chegada do presbiterianismo em nosso Estado, o Presbitério de Cuiabá (PCBA) está se organizando, por meio de uma comissão especialmente nomeada para este fim, pçara celebrar os 100 anos do presbiterianismo no Estado de Mato Grosso com várias atividades”, assinala documento enviado às Igrejas.

Extraído de  <http://www.ipbcast.com.br/single.php?id=1177>. Acesso em 01/07/2013

terça-feira, 4 de junho de 2013



Em "Saiba Mais" você encontra um lista parcial de links de igrejas, concílios e instituições envolvidas na construção da história presbiteriana em MT, considerando também o estado de MS, de 1913 até hoje.


quarta-feira, 1 de maio de 2013

Biografia Rev. Philip Sheeder Landes

Por Rev Alderi Matos.

Fonte: http://www.ipjg.org.br/pastores-curriculo/fotos/Phillip%20Landes-d.jpg
Phillipe Landes
Philip Landes nasceu em Botucatu, Estado de São Paulo, no dia 22 de junho de 1883. Foi o segundo dos dez filhos do Rev. George Anderson Landes e D. Rebecca Margaret N. Sheeder Landes. No dia do seu nascimento, estava hospedada em sua casa a Sra. Alexandrina Teixeira da Silva Braga, da qual recebeu os primeiros cuidados. Era esposa do candidato ao ministério João Ribeiro de Carvalho Braga
e mãe do futuro Rev. Erasmo Braga, então com seis anos. Os pais do recém-nascido haviam chegado ao Brasil menos de dois anos antes, em agosto de 1881, indo fundar o trabalho presbiteriano em Botucatu, situada no extremo oeste do estado, na fronteira das terras habitadas pelos indígenas.
Em novembro de 1885, a família Landes se transferiu para Curitiba, onde o futuro missionário viveu sua infância. Às vezes acompanhava o pai em suas viagens evangelísticas. Estudou até 1896 na Escola Americana, dirigida pelas professoras Mary P. Dascomb e Elmira Kuhl. No ano seguinte, deu continuidade aos estudos no Mackenzie College, em São Paulo. Em 1898, a família seguiu em gozo de férias para os Estados Unidos, onde o filho continuaria os estudos preparatórios e começaria a cursar o Wooster College, no Estado de Ohio. Em 1902, com 19 anos, o jovem voltou ao Brasil com a família, passando dois anos como vigilante e professor de inglês e álgebra na Escola Americana, em São Paulo.
Regressou a Wooster em 1905, concluindo o “college” dois anos mais tarde. Seguiu então para o Seminário Teológico de Princeton. Segundo suas próprias palavras, ele jamais pensou na possibilidade de fazer outra coisa na vida senão pregar o evangelho. Lembrava-se que, quando criança em Curitiba, costumava pregar aos animais recolhidos em um estábulo nos fundos de sua casa. Em 1910, o seminário lhe conferiu o grau de bacharel em teologia, e mais tarde, durante suas férias missionárias, o de mestre em teologia. Recebeu ainda o grau de mestre em artes da Universidade de Princeton. Foi ordenado ao ministério no dia 13 de maio de 1910.
Ao deixar o Seminário de Princeton, assumiu o pastorado de uma pequena igreja e matriculou-se na Escola de Medicina da Universidade Cornell, em Nova York, acreditando que o duplo título de pastor e médico lhe daria possibilidades muito maiores de serviço no campo missionário. Além disso, inspirou-se no exemplo de sua irmã Pauline, que havia morrido inesperadamente em 1908 perto de concluir o curso de medicina. Após dois anos de estudos, atendendo aos argumentos de alguns amigos sobre a urgente necessidade de obreiros, interrompeu o curso de medicina e regressou imediatamente ao Brasil, em 1912. Seu treinamento médico se mostraria valioso nos anos seguintes. Inicialmente a Missão determinou que ele fosse auxiliar o Rev. Henry McCall em Caetité, no sul da Bahia. Cheio de entusiasmo, viajou extensamente por todo o campo, visitando locais como Carinhanha, Cocos, Santa Maria da Vitória e Bom Jesus da Lapa.
Em 16 de junho de 1915, casou-se em Vila Americana, São Paulo, com Margaret Bookwalter Hall, nascida em 1884, filha do casal Charles Moses Hall e Mary Elizabeth Miller Hall. Ele havia conhecido essa família durante os estudos no Mackenzie. Margaret, que tinha uma irmã gêmea, Julia, foi a última das irmãs Hall a se casar com um missionário presbiteriano. Seu casamento foi o último a realizar-se em Vila Magnólia, a residência dos pais em Americana. Após breve visita a Curitiba, seguiram para a longínqua Cuiabá, onde o trabalho presbiteriano havia sido iniciado recentemente pelo Rev. Franklin Floyd Graham. A cidade era uma fronteira primitiva, onde se misturavam fugitivos da justiça, garimpeiros e índios selvagens, por vezes com grande violência. Foi um grande desafio para o novo missionário e sua esposa.
Foram recebidos pela família Dias, os únicos protestantes de Cuiabá. O Sr. João Pedro Dias (1867-1930) era um cearense que havia se convertido em Recife, filiando-se à igreja congregacional. Em fevereiro de 1899, mudou-se para Cuiabá trazendo um grupo de migrantes cearenses. Era casado com Maria Dias de Melo, que lhe deu seis filhos e faleceu em 1906. Mais tarde, casou-se em segundas núpcias com Maria José Dias, com quem teve a filha Tabita. Sendo muito empreendedor, implantou a primeira companhia telefônica da cidade (1909) e a primeira usina de energia elétrica (1919). Realizava cultos em sua residência antes da chegada dos missionários presbiterianos.
O casal Landes alugou uma casa e comprou a única cama da cidade: as pessoas dormiam em redes, temendo que escorpiões, aranhas ou mesmo cobras subissem nas camas. Além das atividades pastorais, o Rev. Landes destacou-se como polemista, evangelista e professor. Quando os franciscanos começaram a atacar o protestantismo em seu semanário A Cruz, respondeu por meio da imprensa leiga. Nas colunas de um periódico da cidade, manteve memorável polêmica com D. Francisco de Aquino Corrêa, o bispo local que acabava de ser nomeado governador do estado. No interesse da causa evangélica, lecionou inglês no Ginásio do Estado, o Liceu Cuiabano, e fez muitas amizades nos círculos educacionais. Sua irmã Maud chegou em 1916 para auxiliar na área educacional. Ela fundou uma escola primária que três anos mais tarde foi transferida para Buriti, na Chapada dos Guimarães. Margaret se dedicou às famílias e às mulheres, visitando, consolando, mostrando como melhorar a alimentação, tratando de enfermidades, ensinando a ler e escrever, bem como costura e culinária.
A partir de 1917, Filipe fez de Cuiabá o ponto de irradiação do evangelho para muitas partes do estado, visitando Brotas, Rosário, Cáceres, Guia, Poconé e outros locais. Em 1919, passou a contar com a colaboração de um novo missionário, o Rev. Adam John Martin. A congregação de Cuiabá experimentou nítido crescimento, sendo organizada em igreja no dia 12 de outubro de 1920, com 26 membros professos. No dia 7 de setembro do ano seguinte, foi lançada festivamente a pedra fundamental do templo. Em 3 de janeiro de 1922, os missionários adquiriram para a missão uma esplêndida propriedade na Chapada dos Guimarães – Buriti. Pouco depois, a família Landes seguiu de férias para os Estados Unidos. Filipe fez estudos na Universidade e no Seminário de Princeton, e trabalhou como pastor assistente na Igreja Presbiteriana de Tioga, em Filadélfia.
Regressando a Cuiabá, encontraram um novo casal missionário, o agrônomo Homer Moser e sua esposa, que tinha vindo iniciar uma escola agrícola em Buriti. A Escola de Buriti iniciou modestamente suas atividades em julho de 1924. O belo templo de Cuiabá foi concluído e solenemente inaugurado. Algum tempo depois, um novo casal se uniu à equipe missionária – Rev. Charles Roy Harper e sua esposa Evelyn (1925-1927), antes de ir trabalhar no “Curso Universitário José Manoel da Conceição”, em São Paulo. Quando os Moser seguiram de licença para a pátria, a família Landes se transferiu para Buriti a fim de cuidar da fazenda e da escola. Nessa época, a igreja de Cuiabá passou a ter o seu primeiro pastor nacional, Rev. Rodolfo Anders, que foi instalado no dia 21 de abril de 1929. Com o retorno da família Moser, os Landes, após breve período em Cuiabá foram residir em Rosário Oeste, onde permaneceram por dois anos, sendo então substituídos pelo Rev. Good, um missionário solteiro.
Em maio de 1925, o Rev. Landes fundou com alguns colaboradores o periódico A Pena Evangélica. Seu primeiro redator foi José Nonato de Faria, um dos primeiros presbíteros da Igreja de Cuiabá. O jornal e outros materiais eram impressos em um equipamento doado pela escola dominical da Igreja Presbiteriana de Tioga. Seus objetivos eram combater vícios sociais, polemizar com a igreja católica e evangelizar. O Dr. Waldyr Carvalho Luz, seu ex-aluno, lembra uma história a seu respeito: certa ocasião, estando Cuiabá ameaçada de invasão pela Coluna Prestes, mobilizados os civis para defender a cidade, o Rev. Landes se apresentou nas trincheiras empunhando um fuzil. O comandante tentou dissuadi-lo argumentando que ele era clérigo e estrangeiro, ao que replicou de modo veemente dizendo que tinha família e era seu dever defendê-la e, além disso, era brasileiro, tendo nascido no Brasil, ficando com as tropas até que o perigo passou.
Um dos principais colaboradores dos missionários no trabalho evangélico era o jovem Augusto José de Araújo, que se transferira para Cuiabá em 1920. Ele se casou com Raquel, filha do Sr. João Pedro Dias, e fez os primeiros estudos para o ministério com os Revs. Charles Harper e Adam Martin. Além de trabalhar como evangelista, foi professor na escola de Buriti e colaborou com o jornal A Pena Evangélica.
Em 1930, a família teve novo período de férias nos Estados Unidos. O Rev. Filipe estudou em Hartford, Connecticut, mas, segundo a filha Pauline, não concluiu a tese de doutorado “porque não queria um grau que o colocasse acima dos seus colegas brasileiros”. Antes de regressarem ao Brasil, visitaram os velhos pais em Pasadena, Califórnia. De 1932 a 1934, o Rev. Landes trabalhou como evangelista geral da Missão, viajando por vários estados, como Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso. Residiu em São Paulo, nas proximidades do Mackenzie, e os filhos estudaram na Escola Americana. Em 1934, foi enviado a Cuiabá a fim de resolver algumas dificuldades surgidas no seio da igreja durante o pastorado do Rev. Juvenal Batista. No mesmo ano, em 15 de setembro, iniciou o trabalho presbiteriano em Campo Grande, que teve como núcleo inicial um grupo de crentes vindos da capital do estado. Entre eles estavam José Verlangieri, Dr. Alípio de Castilho e José Fabelino. A família Landes residiu em Campo Grande até 1938, quando outra vez seguiu para os Estados Unidos em gozo de férias. Filipe fez novos estudos no Seminário de Princeton, presidido pelo Dr. John Mackay.
Em 1939 o Rev. Landes reassumiu seu posto em Campo Grande, onde permaneceria até 1940. Nessa época, o Seminário de Campinas perdeu um dedicado servidor, o Rev. Roberto Frederico Lenington. O missionário de Mato Grosso foi escolhido pela Missão Central para ocupar a vaga do colega falecido. Como professor da cadeira de História Eclesiástica, o Rev. Landes permaneceu no Seminário do Sul até o final de 1953, seis meses além do limite de sua aposentadoria. Continuou a utilizar o Manual de História da Igreja, de Albert Henry Newman, adotado pelo antecessor. Exerceu também os cargos de reitor e deão. Foi ainda um dos primeiros colaboradores da Junta de Missões Nacionais da IPB, tendo ocupado as funções de secretário executivo e presidente.
Ao retirar-se do seminário, depois de 41 anos de trabalho ativo no campo missionário, os olhos do Rev. Landes se voltaram para uma região remota de Mato Grosso, onde uma companhia imobiliária de orientação evangélica pretendia implantar a cidade de Jaciara. Quando, em conversa com o casal, o Rev. Américo Ribeiro perguntou se ainda tinham forças para enfrentar tal desafio, D. Margaret respondeu: “Eu só me lembro que tenho quase setenta anos quando olho para o espelho”. Na manhã do dia 29 de novembro de 1953, foi realizado na Igreja Presbiteriana de Campinas um culto de ação de graças pelos serviços prestados ao seminário pelo Rev. Filipe Landes e pelo Prof. Carlos Cristóvão Zink. O pregador da ocasião, Rev. José Borges dos Santos Júnior, falou sobre “O conceito cristão da aposentadoria”.
Ao se aposentarem, os Landes foram residir em Jandira, São Paulo. Em 1965, o casal comemorou as bodas de ouro com a presença de muito familiares. Diz a filha Pauline: “A fé da minha mãe era simples e serena, como um hino. Meu pai confiava no cuidado constante de Deus e no fato de Deus ‘cumprir o seu propósito’, nas famílias, em toda a criação e na história. Ele falou dessas coisas para sua família reunida”. O Rev. Filipe Landes faleceu vitimado por um câncer no dia 27 de julho de 1966, aos 83 anos, no Hospital Samaritano, em São Paulo. Nos seus últimos anos, trabalhou incansavelmente para consolidar a Igreja Presbiteriana de Jandira, levantando recursos para a construção do templo, pregando e visitando. Sua esposa faleceu em 16 de maio de 1979, aos 95 anos, em São José dos Campos, onde residiu com a filha Mary Elizabeth e o genro. Seu verso bíblico predileto era Filipenses 2.3 e seu hino favorito, “Preciosas são as horas” (NC 128).
O Rev. Landes foi um valente defensor da concepção reformada acerca do batismo, tendo escrito dois livros sobre o assunto: Estudos Bíblicos sobre o Batismo (1938) e Estudos Bíblicos sobre o Batismo de Crianças (1947). Publicou em inglês uma valiosa biografia de Simonton: Ashbel Green Simonton: model Pioneer missionary of the Presbyterian Church of Brazil (1956). Em 1970, seu nome foi dado ao instituto bíblico da Missão Evangélica Caiuá, em Dourados (MS). O casal Landes teve quatro filhos, todos nascidos em Cuiabá: Pauline – “Polly” (1916), George (1919), Mary Elizabeth –“Bibette” (1921) e Philip (1926)
Pauline foi casada com o Rev. George Chalmers Browne (1915-1988), nascido na China, filho de missionários. Foi ordenado em 1940, em Wooster, Ohio, pouco depois de se casar com Pauline. Após um período de pastorado e estudo nos Estados Unidos e de trabalho missionário na China, vieram para o Brasil em 1951. Serviram em Jataí (1951-1955), Chapecó (1957-1959) e em Buriti, onde substituíram o casal Moser. A seguir, trabalharam com a Confederação Evangélica do Brasil, em São Paulo, na área de literatura e alfabetização (1962-1965). Foram então para Recife, onde atuaram na Cruzada ABC – Ação Básica Cristã, um projeto apoiado pelo governo e subsidiado pela Usaid. Indo para Goiânia, trabalharam com o Departamento de Educação Básica de Adultos (Deba), da Confederação Evangélica, e com o Mobral. Por fim, realizaram trabalho missionário em Moçambique e Guiné-Bissau (1975-1981), voltando então para os Estados Unidos. Pauline reside em St. Petersburg, na Flórida, e é autora de vários livros. Sua filha Elizabeth é casada com o engenheiro Maurício Dias e reside em São Paulo, onde dirige o curso de idiomas Unique Business Language Center.
Exraído de <http://www.monergismo.com/alderi-souza-matos/biografia-rev-philip-sheeder-landes/>. Acesso em 12/01/2013

segunda-feira, 8 de abril de 2013

De Grahan ao PCBA

Além do trabalho pastoral, logo nos primeiros anos em Cuiabá Landes se fez conhecido pela série de artigos que fez publicar no jornal O Matto Grosso, denominada “resposta a um artigo de ‘A Cruz’ ”, continuada depois quando inaugurou "A Penna Evangélica” Do primeiro periódico estão disponíveis acervo digital pela Biblioteca Nacional (http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx). Do segundo ainda não há informações sobre digitalização. As primeiras edições ou se perderam ou não há informações claras de onde estariam preservadas. Alguns números de 1926 estão no acervo da Casa Barão de Melgaço, em Cuiabá; e foram consultadas sob supervisão da curadora draª Elizabeth Siqueira.
   A janela para as publicações de Landes não ficariam abertas por muito mais tempo. Então entre surge o primeiro jornal protestante de Cuiabá: o periódico presbiteriano Penna Evangélica. Em 1922 a família Landes foi aos Estados Unidos em furlough, termo inglês que designa férias missionárias para descanso, visitas a várias igrejas no país de origem e quase sempre levantamento de fundos para a obra missionária. Na Filadélfia ele recebeu em doação da Igreja Presbiteriana de Tioga uma tipografia. O primeiro número da Penna Evangélica circulou em 16 de maio de 1925.
    Edições incompletas a partir de 1928 estão no acervo de microfilmes do Arquivo Público do Estado de Mato Grosso. Em artigo analisando especificamente o debate entre protestantes e católicos em Cuiabá nesse período, Gonçalves (2010, p. 172), comenta que no Arquivo Histórico da Igreja Presbiteriana do Brasil, em São Paulo, há uma coleção impressa do Penna Evangélica, mas não informa se tal coleção é completa. Nesses artigos a maioria está publicada apenas com o título da série.
    Estava mais uma vez confirmada uma estratégia de sucesso entre os grupos protestantes: o uso da imprensa escrita. Deve ser destacado que a polêmica propriamente dita, envolvendo embates anticlericais não chegou a durar mais que um semestre, nas palavras do próprio Landes, quando “os clericais desistiram do combate, julgando que não havia mais vantagem em continuá-lo” (Landes, 1959). Outro destaque é que a imprensa escrita fez de Landes uma figura conhecida em todo o estado, ampliando ainda mais o alcance e eficácia de sua ação missionária. Santos (2010, p 119), ao comentar o fenecimento do debate, sugere que a presença protestante em terras cuiabanas já era estável como elemento ativo no cenário religioso e social.
  A Penna Evangélica circulou de 1925 até 1944, aproximadamente. Seu primeiro redator foi José Nonato de Faria, um dos primeiros diáconos da Primeira Igreja Presbiteriana de Cuiabá. Uma edição completa em cópia Xerox existe no Museu Presbiteriano em São Paulo. Em Mato Grosso o Nedhir (Núcleo de Documentação Histórica e regional da UFMT) guarda algumas edições a partir de 1928. Infelizmente a primeira está fora de alcance e a segunda em microfilme, tomando tempo razoável para a pesquisa numa era de acervos digitais cada vez mais comuns. O periódico deixou de circular por ação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda, do governo militar), segundo informa um aprendiz da tipografia que editava o jornal e depois pastor presbiteriano, o Rev. Joás Dias de Araújo (http://aliancadebatistasdobrasil.blogspot.com.br/p/memorias-da-decada-de-60-rev-joao-dias.html).
   Em 1919 surgem  no periódico O Matto Grosso  anúncios sobre essa escola, com o nome “Escola Americana de Cuiabá”, e que adotava o programa de ensino da “Escola Americana de São Paulo”. Além desses dizeres, o primeiro anúncio informava como diretores o Rev. Phillipe Landes e sua irmã Maud Landes; com aulas a se iniciarem em 31/03/1919. Os interessados deveriam procurá-los na Rua 13 de junho, nº 69. O anúncio carece de mais informações, como custos, professores ou qualquer qualificação do que fosse o programa de ensino da Escola Americana de São Paulo. Já na edição de 1919, nº 11543, as aulas deveriam se iniciar em 03 de fevereiro; e o endereço para contato com a diretora Maud Landes é Rua Formosa, 26. Digno de nota é que Landes, ao pedir autorização da SBM pra aceitar o cargo no Liceu Cuiabano, informou que destinaria o salário para a fundação de uma escola primária em Cuiabá, similar à que foi implantada na Estação Missionária da Ponte Nova, item que foi aprovado pela SBM, na sua reunião a 04/12/1916.
   Embora não tenhamos maiores informações sobre a escola, sabemos que entrou em operação e tinha situação legal junto ao estado; não era apenas educação confessional. Na sua mensagem à casa de leis de Mato Grosso em 1919, D Aquino Correa informa algumas estatísticas escolares e considera o problema do ensino primário “resolvido” na capital. Nelas aparecem uma “escola americana”, de educação primária, e se pode perceber que havia meninos e meninas matriculados, sendo seis meninos e 19 meninas. (CRL, 1916, p 33).
  Assim, em uma década (1915-19125), a SBM já havia organizado um jornal, uma escola primária na capital, uma igreja, um escola secundária (O Buriti, já abordado aqui no blog) e estabeleceram campos missionários nas principais cidadades do entorno. Deve ser lembrado que Mato Grosso do Sul ainda não existia como unidade federada, tornando o campo missionário mais vasto ainda. A partir de Cuiabá, as missões presbiterianas se espalharam, organizando um presbitério em 1957 (Presbitério de Cuiabá - PCBA), um marco da paulatina gestão pelos nacionais. Num espaço modesto como este, é impossível reunir todos os eventos, pessoas e instituições que articularam a obra presbiteriana em Mato Grosso até ao ponto que se encontra hoje. Assim nos limitamos da chegada de Franklin Grahan até a organização do PCBA. Em outro post, traremos algumas informações desde a organização do PCBA até 1970.

sábado, 16 de março de 2013

A Primeira Igreja Presbiteriana de Cuiabá

O contexto histórico cuiabano 
O trabalho missionário protestante começou na capital matogrossense quando a República Brasileira contava apenas com três anos de existência, isso por volta de 1891. Mato Grosso tinha cerca de dez municípios e entre 90 a 100 mil habitantes. Nessa época, o transporte público eram os bondes puxados por burros, as ruas à noite eram iluminadas por lampiões a gás, pois não havia rede elétrica e muito menos o telefone. O meio de comunicação mais avançado era o telégrafo e que ainda não havia chegado à cidade. 
Era comum aos homens usarem chapéus de feltro e as crianças mais pobres andarem descalças nas ruas. Ainda havia os banhos no rio Coxipó aos domingos à tarde e as touradas. O maior acesso à capital de Mato Grosso era o fluvial, transformando o porto de Cuiabá na grande porta de entrada da cidade, por onde diariamente chegavam encomendas, mantimentos, notícias, pessoas ilustres e desconhecidas.

O início do trabalho Presbiteriano em Cuiabá
Foi nesse contexto, de uma terra distante e onde parecia que o tempo havia parado, após a expedição da Missão Presbiteriana Brasil Central em Cuiabá (CBM, Rev Franklin Grahan), por meio do missionário Rev. Philippe Landes (cedido à Missão Sul do Brasil) que o trabalho evangélico, passou a ter consistência. Fundamental também foi o apoio de João Dias e sua família, sendo a sua residência o local de culto por diversas vezes. Também foi sua a iniciativa da instalação da primeira empresa telefônica da cidade e a primeira fornecedora de energia elétrica a partir de uma caldeira.

A Igreja Presbiteriana de Cuiabá, federada a Igreja Presbiteriana do Brasil e herdeira da Reforma Protestante do século XVI, foi organizada oficialmente em 12 de outubro de 1920 (imagem acima), lançando a pedra fundamental do seu templo em 07 de setembro de 1921. A partir de então o trabalho solidificou-se, tornando-se um polo irradiador para a difusão da mensagem evangélica a diversos pontos do Estado de Mato Grosso, sendo a responsável pela fundação e organização de diversas igrejas, dentro e fora de Cuiabá. Entregou, também, para a Igreja Presbiteriana do Brasil, diversos missionários e pastores, contribuindo assim efetivamente para a pregação do Evangelho em nossa Pátria. 
 
Extraído e adaptado de
 <http://www.ipcuiaba.org.br/novo/conteudo,0,405,1,le,nossa-historia.html>

sábado, 16 de fevereiro de 2013

João Pedro Dias

Jornal O Matto Grosso 03/09/1916
João Pedro Dias é considerado o patriarca do protestestantismo em Cuiabá, e participou ativamente da sociedade cuiabana como empreendedor e como protestante, sendo pioneiro de tecnologia (eletricidade e telefonia); feitos que nem sempre são lembrados,  reforçando o dizer de Rubens de Mendonça: “morre pra sempre quem morre em Cuiabá”. Talvez isso esteja diminuindo considerando novas pesquisas sobre o protestantismo em Mato Grosso. Este cearense nasceu em Aracati, em 1867, e faleceu em Cuiabá em 1930. Segundo o manuscrito de João Alberto Dias, João Pedro Dias não era membro da Igreja Presbiteriana em Recife, mas da Igreja Congregacional. Acumulou experiência no setor de energia trabalhando em empresas do ramo em Pernambuco. Fixou residência tanto em São Gonçalo como na região central da capital. De espírito empreendedor, percebia oportunidades facilmente e conseguiu ao longo de três décadas se inserir no contexto comercial cuiabano (Santos, 2010).
Seu espírito empreendedor aparece num episódio curioso, por que não está relacionado, numa linguagem atual, ao setor energético nem ao de telecomunicações, mas ao entretenimento. Trouxera em sua mudança um fonógrafo (Santos, 2010), que gravava sons em uns cilindros feitos com cera de carnaúba; dotado com fones que permitiam ouvir o teor gravado. Era uma novidade e rapidamente atraiu a atenção de muitos curiosos. Percebendo a novidade e a demanda, o Sr Dias passou a visitar vilas e povoados, animando festas com seu aparelho e cobrando duzentos contos de reis a cada audição. Esse foi a origem do capital, que somado a um empréstimo de 5 contos de réis junto à Almeida e Companhia, Dias acumulou e utilizou para aquisição dos equipamentos necessários para instalar a primeira empresa telefônica da Capital, com o nome de Empresa Telefônica Cuiabá. Maciel (2001) informa que Dias possuía, em 1913, em menos de 10 anos de operação, 200 assinantes e que planejava expandir para 350.
O visionário também estava ciente do momento histórico e fez constar no Ábum Gráfico de Mato Grosso o anúncio de sua empresa. Este Álbum, impresso na Alemanha, é um importante documento iconográfico do período, preparado com o objetivo expresso de reunir e espalhar imagens selecionadas de Mato Grosso. Os patrocinadores da obra, além do poder público, eram justamente comerciantes ligados à exportação e importação. O público alvo era os países da América Latina, buscando difundir uma imagem positiva do estado junto ao público e possível investidores internacionais.
Este desbravador teve contato com a mensagem protestante no Ceará, onde esteve vinculado à Igreja Congregacional. João Pedro Dias chega a Cuiabá em 1889 junto com um grupo de migrantes cearenses. Sua casa era ponto de reunião dos protestantes cuiabanos, sendo ele quem liderou a solicitação ao Rev. Franklin Grahan por mais obreiros e também a cargo de sua família a recepção destes, ou seja, do casal Landes, quando chegaram a Cuiabá.
João Pedro Dias também tem histórica contribuição não apenas com a causa evangélica. Do mesmo modo que não produzia energia elétrica ou serviços de telefonia apenas para os protestantes, mas para todos os cuiabanos, sua ação como líder leigo protestante não era restrita ao ramo presbiteriano, mas a todas as igrejas reformadas que marcaram presença em Cuiabá antes de Missão Central do Brasil. Seu filho João Alberto Dias, redige primeira historiografia protestante de Cuiabá, um manuscrito de seis páginas em que logo no cabeçalho, ao que tudo indica de sua própria grafia, o título é “esboço histórico do trabalho evangélico em Cuiabá”, sendo que o termo “evangélico” está rabiscado sobre um outro termo, “presbiteriano”. Este documento está preservado no acervo do Instituto Bíblico Augusto Araújo – IBAA. Seu espírito pioneiro rapidamente se somou ao vigor missionário de Landes. A Primeira Igreja Presbiteriana foi organizada em 1920. Segundo o manuscrito de Alberto Dias, redigido para comemoração do centenário presbiteriano no Brasil em 1959; todas as outras iniciativas protestantes não redundaram novos prosélitos, à exceção de um, Camilo. Entretanto, cerca de 5 anos após a chegada dos missionários presbiterianos, a igreja Presbiteriana é organizada; tendo seu estatuto publicado no jornal local A Gazeta. Isso faz da Igreja Presbiteriana a primeira igreja reformada a se organizar civilmente em Cuiabá, tendo João Pedro Dias contribuído desde a primeira visita do rev Franklin Grahan.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O centenário do presbiterianismo em Mato Grosso

Em 1913, o Rev Franklim Floyd  Grahan chegou à região de Mato Grosso, conforme entendimento da Missão Brasil Central, ou CBM (Central Brazil Mission) em sua reunião em 1912. A rota era uma viagem a cavalo da Bahia até a Bolívia, buscando lugares com topografia, salubridade, potencial urbano nascente ou instalado, e as carências da população que justificassem a criação de sub-sedes da Missão. As atas da CBM de 1912 registram  "voted... that he chose sites for stations for the envangelization of that region; that one of these sites be for a school on the Ponte Nova basis... (que escolha (o rev Grahan), lugares para estações (missionárias) para evangelização da região, que um desses locais seja para uma escola ao estilo da Ponte Nova)
  A CBM mantinha na Bahia um complexo missionário chamado de Ponte Nova, que incluía escola, hospital, fazenda e capela, entre outras atividades. O projeto era replicar o modelo da estação missionária Ponte Nova em outros locais do Brasil. Projetado por Waddel, essas escolas rurais eram de um modelo e foco diferente dos grandes colégios, como as Escolas Americanas. A CBM, juntamente com a South Brazil Mission, integravam a “Brazil Mission” entidade missionária presbiteriana da PCUSA –  Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América ou “igreja do norte” –,  com sede em Nova York. Dado o tamanho do nosso país, a Brazil Mission percebeu não ser muito produtivo deslocar seus obreiros pelo vasto território bienalmente para as assembléias. Questões administrativas demoravam meses para se decidir, atrapalhando o sucesso em várias frentes missionárias.
  Assim, dividiu-se, em 1896, (Nascimento, 2008) em Central Brazil Mission (CBM), e South Brazil Mission (SBM),  para que pudessem agilizar aspectos financeiros, como pagamento dos missionários e questões imobiliárias e do campo. A primeira supervisionava os estados da Bahia, Sergipe, Goiás, norte de Minas Gerais e Mato Grosso e a segunda os estados do Rio de Janeiro, sul de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e ia até Santa Catarina (Matos). Os membros dessas duas entidades era os missionários designados pelo Board de Nova York para atuar nesses estados. Entretanto, as dificuldades de logística, conforme aponta Nascimento (2008), fizeram que o arranjo original fosse mudado para atribuir à SBM as instituições organizadas em Goiás, Mato Grosso e norte de Minas Gerais. Essa nova configuração foi formalmente apresentada em dezembro de 1932, quando foi elaborado o novo estatuto da CBM, que já não menciona Mato Grosso entre os campos sob sua jurisdição.
  A CBM tinha aprovado em 1912 que Grahan fizesse uma longa expedição até a Bolívia, passando por Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso; procurando locais para instalação de uma nova sede, semelhante que existia na cidade de Ponte Nova. Durante sua estada em Cuiabá, após retornar da divisa com a Bolívia, Grahan fez várias visitas a pontos estratégicos fora da capital, como Poconé, Cáceres, Barra do Bugres, Diamantino, Rosário do Oeste, Vila da Chapada e a Fazenda Buriti. Em 1937, a South Brazil Mission encerra suas atividades no Brasil, tendo passado as igrejas brasileiras os campos sob sua comarca. Desse modo, no estado de Mato Grosso as atividades presbiterianas que não fossem geridas por nacionais voltam à jurisdição da CBM. Muitos missionários da SBM também foram recebidos pela CBM que continuou suas atividades até 1971 em solo brasileiro.
  Isso fez com que durante certo tempo os estudos de implantação do Colégio Buriti fosse assunto da CBM, enquanto a evangelização ficava mais a cargo da SBM. É justamente a SBM que envia Phillipe Landes, em 1915, para assumir em definitivo uma congregação presbiteriana que o Rev Franklin Grahan iniciara justamente em 1913, há cem anos. Dez anos depois, a SBm também assume a criação da Escola Buriti. Algumas linhas sobre essa congregação.
 Em 11 de 1899 chega a Cuiabá João Pedro Dias e família; a tempo de alguns ainda ouvirem os últimos sermões do metodista John Price. Dias (1958), narra que a iniciativa protestante cessa, pois além da retirada de Price, a família Dias passa a residir em São Gonçalo, impedindo João Dias de atuar como líder leigo; também este pouco conheci da capital. Do pioneirismo metodista não houve conversões a não ser um: Manoel Camilo Fernandes. Os demais simpatizantes foram se dispersando. Cuiabá ficou sem presença reformada até 1901, quando chegam os batistas Frederico Glass e Henrique “de tal”. Fixaram-se na rua Ricardo Franco, em seguida proferiram uma série de conferências ao ar livre; depois no prédio onde moravam. Dias (1958) registra que era um trabalho ambulante, mobilizador de grande audiência por toda a cidade. Porém foi de curta duração e a iniciativa voltou a cessar.
    Nesse intervalo, o caráter de enfrentar desafios de João Pedro Dias o fez manter atividades regulares de pregação em sua casa; João Pedro Dias continua como líder leigo até a chegada do Rev. Franklin Grahan em 1913. Sua mini comitiva contava com um seminarista, Antonio dos Santos e de um tropeiro, Marcolino Barreto. Em seu esboço histórico, Dias descreve essa chegada como “acidentalmente”. Veremos logo adiante que essa viagem a Cuiabá não teve nada de acidental, antes fora estrategicamente pensada pela missão presbiteriana que enviara Grahan, a Missão Brasil Central.
    O patriarca Dias recebeu a minicaravana e os hospedou no hotel Gama. Tiveram longa e acalorada conversa. Decidiram seguir viagem, mas Pedro Dias insistiu que ficassem mais, no que foi atendido. Grahan ficou um mês, em seguida seguiu viagem até a Bolívia. O tropeiro e o seminarista ficaram e prosseguiram com a agenda de cultos. De volta em janeiro de 1914, terminando a conversa com a decisão de Grahan de só trazer o pequeno rebanho sob liderança presbiteriana mediante anuência da liderança batista que havia o ultimo casal de missionários. Entendidas as duas igrejas e seus representantes, Grahan exigiu de Pedro Dias o aluguel de um imóvel adequado para o serviço de pregações.
    João Dias aceitou as condições, se bem que o acordo entre as missões batista e presbiteriana só se confirmou por carta, após a partida de Grahan. João Dias alugou um imóvel na rua Barão de Melgaço, 86; fez também instalar ali iluminação a acetileno, para o que contratou José Lotufo. Tudo isso às suas expensas, pois tinha sido advertido que a Missão Central do Brasil não dispunha de verba para esse fim ainda.
    Esse grupo seguiu reanimado e unido em torno expectativa de êxito agora com a ajuda dos missionários presbiterianos. Em outubro de 1914 (Dias 1958) foi celebrada nesse novo prédio de cultos a primeira Eucaristia ou Santa Ceia, como é conhecida entre os protestantes. Vários foram recebidos como membros inclusive o patriarca João Dias. O Rev. Franklin Grahan deixou Cuiabá com destino a São Paulo em janeiro de 1915, após fazer retornar para a Bahia seus dois companheiros de caravana. Chegando a São Paulo apresentou seu relatório a Missão Sul do Brasil. Em agosto a mesma decide enviar para Cuiabá o jovem brasileiro Phillipe Landes e sua esposa Margareth Landes. No intervalo entre a saída e a chegada do novo obreiro o ponto dos cultos foi transferido, por conveniência do local (Dias 1958) para a Rua Antonio Maria, 46, onde o Rev. Phillipe Landes iniciou seu trabalho.
    Culto, brasileiro, com formação em teologia, artes e dois anos de medicina, todos cursados nos Estados Unidos, pois era filho de missionários norte-americanos, o primeiro pastor enviado pela Missão Sul do Brasil se aproveita logo na sua chegada de uma disputa local entre positivistas e católicos para pregar em praça pública a um grande auditório. Eram as rachaduras nas muralhas da igreja oficial que os pregadores da reforma sabiamente aproveitaram em solo brasileiro. O bispo Carlos d´Amour recusou a entrada da bandeira brasileira na catedral, justamente no velório de um intelectual positivista, Afonso Pena. Isso acirrou os animos anticlericais e Landes faz sua primeira homilia em plagas cuiabanas nesse contexto de disputa entre liberais e católicos romanos.